terça-feira, 9 de junho de 2009

Perdida na música que toca no rádio, ou naqueles fones de ouvido brancos ou pretos não me lembro. Perdida nas esquinas dos pensamentos, nos sonhos esquecidos, no 1º amor plâtonico. Longe de casa perto do mar, junto do vento, distante de tudo. Com tantos caminhos pela frente e eu paralizada, sem saber qual seguir, tantas pessoas e eu não sei em qual confiar. Eu vejo o tempo correr, não vejo sentido em continuar aqui, mais por algum motivo eu continuo. Eu quero ouvir todas as verdades mas tenho medo delas, eu queria poder mudar eu queria não me apaixonar novamente e ver meu coração ferido mais uma vez, eu queria poder me preocupar menos com os outros mas infelizmente eu sempre tento corrigir erros que não são meus.

Um pouquinho de Florbela Espanca

(…)
Quero voltar! Não sei por onde vim…
Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra
Por entre tanta sombra igual a mim!

terça-feira, 2 de junho de 2009

INVERNO


Frio. cafézinho quente, muita roupa... é realmente o inverno é muito chick e inspirador! Mas neste momento não é o meu caso. uheuheue

A um ausente


”Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.


Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?


Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.


Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.”

Carlos Drummond de Andrade.